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O que são furries? Vamos explicar a conexão entre a fantasia e a realidade

Há muito mais no furry fandom do que parece. Mas, afinal, o que são furries? Venha dar um mergulho profundo nessa comunidade e saber como ela funciona.
Grindr
&
Editorial team
November 4, 2024
November 6, 2024
9
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Os furries estão em todo lugar – e qualquer pessoa pode ser furry. Seu professor de matemática do ensino médio, seu vizinho conservador, seu chefe – até mesmo a sua celebridade favorita pode estar curtindo um yiff há muito tempo (vamos falar sobre isso mais adiante), e você nem estava sabendo. 

Mas o que é exatamente uma pessoa furry? Não, não estamos falando daquele urso bonitão com quem está rolando um clima em algum aplicativo. Estamos nos referindo àqueles que se dedicam para valer a ser “fursonas”.

Vamos revelar as pessoas por dentro dos trajes felpudos para que possamos entender melhor o que os motiva.

O que são furries?

A cultura dos furries é um subgrupo focado em interpretar ou se vestir como personas semelhantes a animais (ou fursonas, como eles costumam chamar), personagens com atributos humanos e personalidades bem definidas. Imagine algo não tanto como um animal literal e mais como um personagem de desenho animado antropomórfico.

Os furries tiveram uma ascensão meteórica no que se refere à fama e à infâmia na internet e, às vezes, foram profundamente incompreendidos e difamados. Essa história parece familiar?

Muitas pessoas pensam nos furries como fetichistas que focam exclusivamente em atividades sexuais. Claro que parte disso tem uma justificativa: há muitos adultos que vivem de modo autêntico quando colocam as suas máscaras e caudas. Mas isso não é mais verdadeiro ou falso quando falamos sobre qualquer outro grupo de pessoas. Assim como ser gay não se resume exclusivamente a sexo, ser furry também não é – mesmo que isso faça parte significativa da imagem pública da subcultura.

O conceito difuso de fursona

Um elemento universal une todos os furries: a criação de uma fursona.

Lembra quando você criou o seu avatar, quando isso era moda? É meio parecido, só que você tem a opção de dar a si mesmo um par de chifres ou criar uma história na qual a sua mãe foi capturada por caçadores furtivos. Essas fursonas podem ser praticamente qualquer espécie que você possa imaginar no reino animal. No entanto, as escolhas mais populares tendem a ser lobos, cães, felinos, raposas e dragões. 

Mas como os furries personificam seu alter ego animalesco? Depende. Você provavelmente conhece os trajes de furry de estilo mascote que muitos usam nas suas vidas diárias, mas muitos furries por aí adotam uma abordagem mais sutil. Eles podem usar apenas orelhas e cauda – ou nenhuma fantasia. Alguns se contentam em simplesmente encomendar a arte da sua fursona e interagir como o personagem na internet.

Você provavelmente não ficará surpreso ao saber que desenvolver e criar uma fursona pode ter um custo alto e ser um grande negócio. Existem empresas inteiras dedicadas a transformar as fantasias furry em realidade. As artes não são baratas, e os trajes de furry personalizados podem custar milhares de dólares. 

Então, da próxima vez que você vir um furry totalmente vestido, saiba que não é um vira-lata sarnento; ele provavelmente é um médico, advogado, engenheiro ou herdeiro.

Fazendo uma pesquisa na vida selvagem local: os furries em números

Agora já conhecemos o conceito de furry. Mas quem são essas pessoas? Confira aqui alguns dados demográficos da Furscience, o principal grupo de pesquisa científica para furries (sim, isso é algo real):

  • Idade: Os furries tendem a ser pessoas mais jovens. Uma pesquisa feita em 2020 descobriu que a maioria tem menos de 30 anos, e o maior grupo tinha entre 18 e 20 anos. Menores não foram incluídos, mas você pode apostar que há muitos filhotes jovens que fazem parte dessa comunidade.
  • Gênero: Os homens cisgênero parecem dominar a furry fandom, constituindo cerca de dois terços da comunidade. Independentemente disso, cerca de 12% dos furries se identificam como transgêneros, um índice 20 vezes superior ao índice na população em geral.
  • Sexualidade: É provável que você imagine que os furries, de modo geral, são queer, e, de fato, é a maioria esmagadora. Várias pesquisas indicam que os heterossexuais constituem uma pequena minoria em comparação com os furries homossexuais, bissexuais e pansexuais. A assexualidade também é comum na comunidade.
  • Etnia: A grande maioria dos furries entrevistados ​​(78,6%) se identifica como branca, mas a Furscience reconhece que as suas pesquisas presenciais foram realizadas principalmente na América do Norte e as pesquisas on-line são em inglês, o que distorce os resultados.

Não é de se admirar que os furries tendem a ser mais liberais socialmente (comportamento materno) e abrangem todo o espectro de crenças religiosas e nível de educação. Para resumir, eles são como qualquer outro grupo: incrivelmente matizados e é difícil colocá-los em uma caixa (a menos que seja uma caixa de areia, mas isso vai depender do personagem).

Furries na natureza

Nós mencionamos que há furries em todos os lugares que você procurar, mas qual é o habitat natural deles? 

Os furries sempre bombam nos sites e comunidades on-line, pois é uma maneira fácil e segura para as pessoas serem elas mesmas e incorporarem os seus personagens. Esses também são excelentes canais para compartilhar arte e quadrinhos das suas fursonas, algo extremamente comum.

No que se refere a quando e onde encontrá-los orgulhosos das suas fursuits, as exposições de furry surgiram como verdadeiros paraísos para o fandom. Esses encontros oferecem mais oportunidades para furries e pessoas que os amam à distância socializarem, comprarem e venderem obras de arte e, claro, usarem suas fantasias.

A Anthrocon e a Midwest FurFest são dois exemplos de exposições de furries populares nos EUA, mas há lugares onde você pode levantar a sua bandeira furry no mundo todo.

O furries são gays?

Como mencionamos anteriormente, uma pessoa furry pode ser gay, mas você não precisa necessariamente ser gay para ser furry. Muitas pessoas se situam, até certa medida, no espectro queer, mas você provavelmente também encontrará muitos héteros em qualquer evento de furries.

Além de um contingente considerável de pessoas transgênero, muitos furries se identificam como não binários, gênero queer, gênero fluido ou sem gênero.

Mas “furry” é uma identidade de gênero por si só? Não estamos em condição de definir identidades de gênero aqui (francamente, ninguém está). Portanto, não vamos determinar isso de modo taxativo. De qualquer forma, a maioria das pessoas que fazem parte da furry fandom não considera que a sua fursona seja o mesmo que a sua identidade de gênero. 

Fica mais fácil entender isso se você pensar em uma fursona como uma pessoa drag. Essa persona define ou remodela como ela vive quando não está usando o traje? Talvez – mas a medida varia de pessoa para pessoa.

Os furries também se assemelham à comunidade LGBTQ+ porque são igualmente incompreendidos diante dos olhos da sociedade. Ambos os grupos são tratados com desdém pelas pessoas normativas que os veem como explicitamente sexuais, embora a maioria de nós esteja apenas tentando abanar o rabo ou ir ao mercado e comprar queijo e goiabada. 

O peso desses estereótipos reforça a necessidade de uma aliança entre as comunidades gay e furry. Os furries também estão na mira do discurso político de ódio e, muitas vezes, acabam sendo colocados no mesmo saco das pessoas queer, pois figuras anti-LGBTQ+ não se preocupam em fazer nenhuma pesquisa. 

A questão principal é que, embora nem todo furry seja gay, as pessoas queer e furries lutam com o mesmo objetivo: o de ser autenticamente você mesmo em um mundo que tenta lutar contra você a cada minuto. Isso vale a pena validar, proteger e, francamente, celebrar.

OK, entendi, mas eles fazem... com esses trajes?

Depende. Mas vamos definir uma terminologia antes de seguirmos adiante. Sexo ou atividade sexual dentro da furry fandom é chamado de yiffing, e pornografia furry (geralmente em desenho) é chamada de yiff. A etimologia do termo remonta aos anos 1990, mas entrou no léxico do público em geral por meio de um episódio de CSI apropriadamente intitulado “Fur and Loathing”.

Já falamos aqui sobre a importância da representatividade. No entanto, para o azar dos furries, o episódio os pintou quase exclusivamente como fetichistas. Não há nada intrinsecamente errado em brincar um pouco com a sensualidade, se a representação for positiva. No entanto, como estamos falando do início dos anos 2000, quando ser “normal” ainda era importante, você já deve imaginar que a representatividade não teve nada de positivo. 

É verdade que as pessoas costumam associar os furries a sexo, e os momentos da cultura pop como o episódio de CSI são os principais culpados, sem mencionar uma boa dose de desinformação. Mas, na verdade, a ideia de furries fazendo sexo vestidos de fursuits ou como a sua fursona pode ser uma questão polêmica para alguns dentro da comunidade. Muitas pessoas na furry fandom chegariam ao ponto de dizer que seu interesse em ser um furry é totalmente não sexual. 

Mas é claro que isso não significa que não esteja acontecendo, só que provavelmente não da maneira como você imagina. Muito poucos furries têm uma fursuit completa, e os que têm não costumam fazer nada indecente usando esse traje. Você gostaria que a sua roupa que custou R$ 4 mil fosse rasgada ou ficasse manchada? O que se observa mais frequentemente é que eles usam esses trajes para fazer encenações sexuais.

Embora a maioria imagine sexo com as fantasias, a pornografia furry é outra coisa extremamente comum. A arte erótica, sexo cibernético com temática furry e relacionamentos sexuais com outros furries compõem o amálgama único e belo de yiffing que – embora não seja para todos – não é mais prejudicial do que qualquer safadeza que você faz na cama.

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